Dólar hoje: os Estados Unidos caminham para uma recessão? - BBC News Brasil (2024)

Dólar hoje: os Estados Unidos caminham para uma recessão? - BBC News Brasil (1)

Crédito, Getty Images

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  • Author, Dearbail Jordan
  • Role, Repórter de Negócios da BBC

Nos últimos dias, os mercados de ações globais têm despencado.

As telas de negociação nos EUA, Ásia e, até certo ponto, Europa estão inundadas com números vermelhos piscantes.

A reviravolta repentina ocorre à medida que crescem os temores de que a economia dos EUA — a maior do mundo — esteja desacelerando.

Especialistas dizem que a principal razão para esse medo é que os dados de empregos dos EUA para julho, divulgados na sexta-feira (2/8), foram muito piores do que o esperado.

No entanto, para alguns, falar de uma desaceleração econômica — ou mesmo uma recessão — é um pouco prematuro.

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Então, o que os números oficiais mostraram? Como sempre acontece com a economia, há boas e más notícias.

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A 'regra Sahm'

Más notícias primeiro. Os empregadores dos EUA criaram 114.000 empregos em julho, o que ficou bem abaixo das expectativas de 175.000 novas vagas.

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A taxa de desemprego também subiu para 4,3%, uma alta de quase três anos, o que desencadeou algo conhecido como "regra Sahm".

Nomeada em homenagem à economista americana Claudia Sahm, a regra diz que se a taxa média de desemprego em três meses for meio ponto percentual maior do que o menor nível nos últimos 12 meses, o país está no início de uma recessão.

Neste caso, a taxa de desemprego dos EUA aumentou em julho, então a média de três meses foi de 4,1%. Isso se compara ao menor nível do ano passado, que foi de 3,5%.

Somando-se a essas preocupações estava o fato de que o Federal Reserve dos EUA decidiu na semana passada não cortar as taxas de juros.

Outros bancos centrais em economias desenvolvidas, incluindo o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu, cortaram recentemente as taxas de juros.

O Fed manteve os custos de empréstimos, mas seu presidente, Jerome Powell, sinalizou que há possibilidade de um corte em setembro.

No entanto, isso levou à especulação de que o Fed decidiu agir tarde demais.

Um corte nas taxas de juros significa que fica mais barato tomar dinheiro emprestado, o que deveria, em teoria, atuar como um impulso para a economia.

Se os números do emprego indicam que a economia já está caindo, então o medo é que o Fed esteja atrasado.

Além de tudo isso, estão as empresas de tecnologia e seus preços de ações. Houve uma alta de longa duração, alimentada em parte pelo otimismo sobre inteligência artificial (IA).

Na semana passada, a gigante fabricante de chips Intel anunciou que estava cortando 15 mil postos de trabalho. Ao mesmo tempo, rumores de mercado indicavam que a rival Nvidia pode ter que atrasar o lançamento de seu novo chip de IA.

O que se seguiu foi um "banho de sangue" no Nasdaq, o índice americano de tecnologia pesada. Depois de atingir uma alta há apenas algumas semanas, ele caiu 10% na sexta-feira.

Isso ajudou a aumentar o fator medo nos mercados e é aí que o perigo pode estar.

Se o pânico no mercado de ações continuar e as ações continuarem caindo, o Fed pode intervir antes de sua próxima reunião em setembro e cortar as taxas de juros.

Isso pode acontecer, de acordo com Neil Shearing, economista-chefe do grupo na Capital Economics, se houver "um deslocamento de mercado que se aprofunde e comece a ameaçar instituições sistemicamente importantes e/ou com estabilidade financeira mais ampla".

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Crédito, John Taggart/EPA

Recessão 'não é inevitável'

Agora, as boas notícias.

"Não estamos em recessão agora", segundo a própria Claudia Sahm, inventora da regra.

Ela disse à CNBC na segunda-feira que "o vetor aponta nesta direção". Mas acrescentou: "Uma recessão não é inevitável e há espaço substancial para reduzir as taxas de juros".

Outros são ambíguos sobre os dados de empregos. "Embora o relatório tenha sido ruim, não foi tão ruim assim", avaliou Neil Shearing.

"É provável que o furacão Beryl tenha contribuído para a fraqueza nos números de folha de pagamento de julho. Outros dados pintaram um quadro de um mercado de trabalho que está esfriando, mas não entrando em colapso", disse ele.

Ele acrescentou que não pareceu haver "aumento nas demissões", enquanto um declínio "modesto" na média de horas semanais trabalhadas em julho não é necessariamente sinal de recessão.

Para Simon French, economista-chefe e chefe de pesquisa da Panmure Liberum, depois de digerir os dados de empregos dos EUA, é hora de refletir.

"Dando um passo para trás, de repente reavaliamos a saúde da maior economia do mundo? Não, e nem deveríamos."

Mas ele acrescentou: "É apenas mais um ponto de dados em um momento em que a liquidez é escassa e há muitas coisas com que se preocupar".

Dólar hoje: os Estados Unidos caminham para uma recessão?  - BBC News Brasil (2024)

FAQs

O que é recessão nos Estados Unidos? ›

Nomeada em homenagem à economista americana Claudia Sahm, a regra diz que se a taxa média de desemprego em três meses for meio ponto percentual maior do que o menor nível nos últimos 12 meses, o país está no início de uma recessão.

Porque a bolsa do Japão caiu? ›

No Japão, o índice Nikkei 225 caiu 12,4% , o maior declínio em um dia desde 1987. Isso aconteceu basicamente por conta de operações de "carry trade". Como o país oriental tinha a menor taxa do mundo, muitos investidores emprestavam dinheiro lá e aplicam em países onde a taxa é alta, como o Brasil e os Estados Unidos.

O que vem depois da recessão? ›

Após uma recessão econômica, geralmente ocorre uma fase de recuperação. Essa fase pode se desdobrar em várias etapas: Recuperação: inicialmente, a economia começa a se recuperar à medida que a atividade mostra sinais de crescimento. Isso pode incluir aumento da produção, investimentos e emprego.

Quando começa a recessão? ›

Brasil pode estar em recessão técnica neste início de 2024. Embora número do PIB seja relevante para mercado, para governo cabe avaliar melhor impactos da suas políticas para assegurar crescimento sustentável nos próximos anos.

Porque a economia do Japão caiu? ›

Queda na demanda

No Japão, o consumo privado representa mais da metade da atividade econômica. O índice caiu 0,2%, enquanto os mercados previam um crescimento de 0,1%. O declínio foi atribuído ao aumento do custo de vida e às altas temperaturas, que desencorajaram as famílias a comer fora e a comprar roupas de inverno.

Porque a economia do Japão parou de crescer? ›

Este ciclo de crescimento de longo prazo foi interrompido repentinamente no início dos anos 90. A economia japonesa estagnou enquanto outros países industrializados continuaram crescendo. Isso se deveu principalmente ao estouro da “bolha econômica”.

Por que a bolsa americana está caindo? ›

O movimento de baixa é resultado de um aumento na percepção de que a economia americana está desacelerando, depois de dados de emprego divulgados na última sexta-feira (2) revelarem um mercado de trabalho menos aquecido que as estimativas.

Quanto tempo dura uma recessão econômica? ›

Tomando como referência dados dos Estados Unidos entre 1950 e 2022, em média, uma recessão económica dura 10 meses, enquanto a queda do mercado de ações se prolonga durante 13 meses.

O que é um período de recessão? ›

A recessão econômica indica a queda do PIB por dois trimestres consecutivos em um determinado país. Ou seja, é um período de contração da economia e está ligada a crise econômica, queda da produção, do consumo e aumento do desemprego, Isoladamente, recessão significa retroceder ou retrocesso.

O que é recessão na economia? ›

Uma recessão é sempre associada a retrocesso ou retração. Ou seja, quando falamos de recessão econômica de um país, estamos nos referindo a uma piora na sua atividade econômica no geral. Todos nós sabemos que isso é uma coisa ruim, mas nem toda crise que um país sofre pode ser considerada uma recessão econômica.

Quais são os tipos de recessão? ›

Recessão técnica

Teoricamente, se ele cresce, significa que a atividade empresarial está em alta, as pessoas estão empregadas e há poder aquisitivo no país para gastar. Por outro lado, quando há retração do PIB em determinado período, significa que a atividade econômica do país está desaquecendo ou retraindo.

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